O Movimento Queer Brasileiro em Clipes Sensacionais

Cenário Nacional, Listas | 06 dez 17 - por João Paulo Porto

A cena musical brasileira está cada vez mais rica, onde há artistas diversos, seja no que diz respeito à etnia, orientação sexual ou gênero. E isso é muito bom. Bom demais. O movimento Queer está ganhando força a cada dia ,seja pelas músicas pra dançar da Pabblo Vittar ou mais artísticas como as de Johnny Hooker e Liniker. Em homenagem a esse povo guerreiro que veio para quebrar a banca, o 1001 Videoclips criou este guia para você que quer conhecer um pouco do que está acontecendo no cenário queer nacional. 

E você, gostou ou achou que faltou algum nome na lista? Deixa lá nos comentários a sua dica.

MC Linn da Quebrada – “Talento”

Representatividade e empoderamento foram teclas insistidas no clipe de “Talento”, da MC Linn da Quebrada. Em 2016, Ela melhor explorou as dores e dificuldades de ser travesti em um país que mais mata no mundo. A produção independente é de uma grandiosidade absurda, na qual critica a LGBTfobia dando espaço pra que as próprias mulheres trans se manifestem sobre a violência sofrida.

Mc Xuxú – “O Clã”

“As gay, as bi, as trans, as sapatão e os que pregão ódio por aqui não passarão”. Com essa introdução sensacional, a Mc Xuxú distribui liberdade sexual em clipe irreverente e com muito suingue. Mc Xuxú é funkeira, travesti e feminista na luta contra o preconceito. Sua obra estimula reflexões complexas sobre sexualidade, consumo, cultura da periferia e feminismo. E isso é muito bom para um país onde os casos de assassinatos de travestis ainda são ignorados ou tratados como trivialidades.  

 

Pabblo Vittar – “Então Vai”

Pabblo Vittar gera muito debate e polarização de opiniões. O nome mais famoso do movimento queer nacional atual está em todo os lugares, mesmo assim, ainda há pessoas que não aceitam nem falar seu nome nas conversas em família. No entanto, mesmo com esses impasses, Vittar está abrindo portas para a visibilidade das trans na sociedade. O clipe de “Então Vai” tem até beijo na boca com o hit maker Diplo

 

Johnny Hooker & Liniker – “Flutua”

Johnny Hooker e Liniker já são figurinhas fáceis no cenário musical queer e ambos tem importância fundamental na desmitificação de gênero e tolerância sexual. A importância do clipe de “Flutua” em tempos de intolerância vai além. Jesuíta Barbosa e Maurício Destri, dão beijão num estilo semelhante a um documentário, na obra com direção de Ricardo Spencer e escrita pelo cineasta Daniel Ribeiro, diretor do filme “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” em parceria com Johnny Hooker.

 

Verónica Decide Morrer – “Roxy Music”

 O grupo queer cearence Verónica Decide Morrer  – formado pelos vocalistas Verónica Valenttino e Jonaz Sampaio – está ai para desmistificar a travesti. Seus trabalhos visuais narram o “submundo das travestis de rua e amor”, escancarando o preconceito e brada por empoderamento “sem soar panfletário”. O clipe de “Roxy Music” celebra a visibilidade trans, aponta para a contradição de “estar na noite e não ter nada a perder” com a possibilidade de se perder nas ruas. 

 

São Yantó – “Gota por Gota”

No circuito independente paulista, são Yantó – também conhecido como Lineker (não confundir com Liniker) é conhecido não apenas pela carreira como cantor, mas pelas performances como dançarino, atividade paralela que concilia com a mesma intensidade que a música. O videoclipe de “Gota por gota” revela mais da faceta dançarina do jovem, numa espécie de versão hipster de Ney Matogrosso com figurino ao estilo Borat.

 

Mc Trans – “Lacração”

Com muito brilho, carisma e humildade Camila Monforte vem buscando seu espaço no mundo funk. Mas conhecida como Mc Trans, a transexual é uma representante das fiéis. O clipe de “Lacração” é a melhor porta de entrada para conhecer esta artista que promete estourar no cenário nacional. 

 

As Bahias e a Cozinha Mineira – “Apologia às Virgens Mães”

A banda paulista As Bahias e a Cozinha Mineira​ é uma das principais manifestações da cena queer de música brasileira. Com direção geral do paraense Jaloo, o primeiro audiovisual da banda paulistana encabeçada pelas vocalistas trans Raquel Virgínia e Assucena Assucena estuda as várias nuances do feminino.

 

Rico Dalasam – “Riquíssima”

Rico Dalasam, nome artístico de Jefferson Ricardo da Silva, é o único rapper abertamente gay da cena musical brasileira e desponta como representante do movimento “queer rap”. Rico já mudou o visual completamente varias vezes, traço importante da sua estética de referências múltiplas e efêmeras que vemos no clipe de “Riquíssima”.

 

Gloria Groove – “Império”

Gloria Groove é a prova que o mundo das Drag Queens vai muito longe. Um cenário visto como marginal que está, aos poucos, revelando muitos talentos. Groove encanta com o clipe de “Império” numa produção impecável e deslumbrante. Ah! e com m muito ensinamento. Só assista.

 

Danna Lisboa – “Cidade Neon”

A cantora Danna Lisboa é espelho para trans e travestis de todo o Brasil. O belo clipe de “Cidade Neon” é estrelado por Danna, que é cantora, compositora, professora de dança e demonstra ser uma estrela completa ao também atuar. 

 

Aretuza Lovi – “Catuaba” ft. Gloria Groove

Aretuza Lovi já é uma figura bastante conhecida no meio LGBTQ. Já até participou do programa Amor & Sexo da Rede Globo. Só falta mesmo estourar para o grande público. Se depender da mega-produção do clipe de “Catuaba”, uma homenagem a nossa bebida mais amadas pelo povo brasileiro, que conta com a participação luxuosa de Gloria Groove, o sucesso é garantido.

Jaloo – “Ah! Dor!”

Este paraense de 30 anos é mais um desses nomes que nasceu na internet. Autodidata, aprendeu a criar sua música, masterizar e divulgar por conta própria, assistindo a tutoriais na internet. Jaloo não só cria música como põe sua personalidade em todos os clipes que lança. Em resumo, Jaloo é música eletrônica com sotaque paraense e sonoridade do melancólico ao dançante.

 

Autodefesa parte II – “Lulu Monamour”

O que Lulu Monamour – a primeira artista assumidamente gay a estar na cena do movimento Hip Hop – tem a dizer sobre si e os LGBTs em geral, está resumida neste videoclipe: “O vídeo significa a luta por direitos independente de cor, sexo e classe social. Sobre a violência ser a única alternativa para sermos respeitados como seres humanos sejam mulheres e/ou gays.”

 

Não Recomendados – “Não Recomendado”

O nome do grupo é provocador. A performance nos palcos também. O trio Formado pelos cantores Diego Moraes, Daniel Chaudon e Caio Prado, defende a liberdade de expressão e está se destacando no cenário musical por fazer a tradicional família brasileira tremer. O clipe de “Não Recomendado”, gravado na cracolandia, é simplesmente imperdível.  Tanto o clipe quanto o teor da música, descreve o próprio trio, vem “carregada de um discurso político que busca potencializar as minorias e o indivíduo marginalizado”. A produção também faz uma homenagem ao Hélio Oiticica, um dos maiores artistas plásticos da década de 80.

 

 

João Paulo Porto

Criador do site 1001 Videoclips e apaixonado por The Smiths.