Não mais impactante que “Bad Romance”, porem tão provocativo e polemico quanto, “Telephone” foi o videoclipe que definitivamente firmou a aberração (no bom sentido da palavra) Lady Gaga como o maior fenômeno pop midiático da década!
em 28 de Janeiro de 2010, em Los Angeles, pelo diretor sueco Jonas Åkerlund, neste videoclipe não há apenas deslumbre sonoro, mas sim, ação, conflito, assassinato, loucura, violência, non-sense e narrativa, bebendo da fonte de filmes de Quentin Tarantino e Thelma & Louise, tudo isso costurado com bom humor e uma coreografia única que definiu o estilo dançante de Gaga,
Essencialmente uma ficção de apelo visual, o clipe conta a história de uma Beyoncé que paga a fiança para Gaga sair da cadeia, após cometer o primeiro crime de sua carreira no clipe de “Paparazzi”.
O vídeo tem pouco mais de nove minutos de duração e começa como uma continuação do final de “Paparazzi”, depois de Gaga ser presa por homicídio do namorado por envenenamento. Na cena, a cantora é encaminhada para uma prisão feminina, direcionada para a sua cela por duas agentes penitenciárias, que a despem enquanto é gozada por outras reclusas. Uma das guardas chega a comentar, “eu disse que ela não tinha um pénis”, referindo-se aos rumores de que Gaga seria hermafrodita. Nos primeiros três minutos, o clipe mostra as atividades da artista no recinto, beijando outra prisioneira no pátio, utilizando uns óculos constituídos por cigarros. A sua irmã Natali Germanotta também faz uma participação no trabalho, numa sala de convivência para as prisioneiras, em que Lady Gaga atende uma chamada de Beyoncé Knowles e começa a cantar em seguida. Gaga é socorrida e sai ao encontro de Knowles que espera por ela no Pussy Wagon, o famoso carro utilizado por Umma Thurman em Kill Bill Vol. I, de Quentin Tarantino. Beyoncé é apelidada de Honey Bee, uma referência à personagem Honey Bunny do filme de Tarantino de 1994, Pulp Fiction.
Após uma troca de diálogos, ambas percorrem um deserto e acabam por parar num restaurante. Knowles fica em frente a Tyrese Gibson, mas farta da sua insolência, decide envenená-lo, contudo ele não morre como ela esperava. O vídeo, em seguida, foca numa sequência intermediária chamada “Vamos fazer uma sanduíche!”. Gaga está numa cozinha, com um chapéu em forma de vários telefones, e após uma coreografia de dança, a cantora prepara um sanduiche e chega a prová-lo. Durante a preparação da comida, a artista mistura veneno em todos os pratos que está preparando para servir aos seus clientes, que acabam por falecer, incluindo Gibson. Em seguida, Gaga e Knowles executam outra coreografia com roupas inspiradas na bandeira americana e calças rasgadas, rodeadas dos cadáveres. Acabam por deixar o estabelecimento e enquanto viajam, os assassinatos vão sendo relatados por um repórter, interpretado por Jai Rodriguez. Nas últimas cenas, as cantoras são perseguidas pela polícia, terminando com a palavra “Continua…” seguida pelos créditos finais.
“Telephone” recebeu críticas positivas pela mídia especializada, como Matt Donnelly do Los Angeles Times que descreveu o trabalho como “uma festa visual, repleta de moda fantástica, lutas de meninas, comida envenenada, um exército de enfeites para a cabeça e muita bondade de Gaga”. Gaga transformou esta peça que acompanha ‘Paparazzi’ num grande evento da cultura pop, com uma extravagante coparticipação de Beyoncé. Tanto Gaga como Knowles utilizaram peças de roupa da marca Denin desenhadas por Frank Fernández e Oscar Olima. Numa entrevista com a E! Online, Gaga explicou o significado por detrás do vídeo:
“Houve esta qualidade realmente surpreendente em ‘Paparazzi’, onde tinha este tipo de música com qualidade, puro pop, mas ao mesmo tempo era um comentário sobre a cultura da fama… Queria fazer a mesma coisa com este vídeo… Há certamente uma qualidade de Tarantino inspirada no vídeo… O seu envolvimento direto aconteceu quando me emprestou a Pussy Wagon. Estávamos almoçando um dia em Los Angeles e eu estava lhe contando o meu conceito para o vídeo e ele gostou tanto que me disse: ‘Tem de usar a Pussy Wagon’.”
Em 5 de Fevereiro de 2010, Lady Gaga foi entrevistada por Ryan Seacrest na rádio KIIS-FM, onde comentou a sua visão sobre o projeto, afirmando o seguinte: “O que gosto nele é o fato de ser um verdadeiro acontecimento pop, e quando era jovem, estava sempre animada quando havia um evento gigante acontecendo na música pop, é isso que eu queria que acontecesse agora”.
Revistas importantes como a NME, Spin e sites de músicas reconhecidos como o Pichfork elogiaram o trabalho encabeçando a lista de melhores videoclipes de todos os tempos. Em 3 de Agosto de 2010, o clipe recebeu três nomeações na MTV Video Music Awards, nas categorias Melhor coreografia, Video do Ano e Melhor Colaboração, vencendo a última e perdendo para “Bad Romance” nas demais categorias.
O roteiro escrito pela cantora e Akerlund, confirma que Lady Gaga gerencia o espetáculo com muita segurança. Seu mundo bizarro e mostrada com competência por Jonas Akerlund, que imprime sua marca em uma fotografia impecável e uma edição de imagens viçosas bastante convincente e marcante. O vídeo foi um sucesso estrondoso entre o público e mostrou ao mundo para que veio a Gaga. Neste sentido, a forma como ela apropria de performances pop erráticas nos faz pensar que ela está totalmente à vontade com aquilo tudo. De forma criativa e corajosa!
Direção: Jonas Akerlund | Ano: 2010