Duas pessoas com um benévolo motivo de não se amarem, obtendo um amor ruído prestes a ficar mórbido e sem resíduo de lembrança alguma. Um dia claro que lhe destaca as metáforas das rosas vermelhas que por ventura, se tornam uma linha tênue de sentimentos únicos dos dois personagens correspondendo com a própria voz, um ao outro, o destino – a morte – é a mais adequada para o seus espíritos.
No videoclipe feito em 1996, os protagonistas e cantores Nick Cave e Kylie Minogue, mostram uma ligação bastante pessoal na qual eles viviam na época. A frase inicial da música: “They Call Me The Wild Rose”, (Eles me chamam de A Rosa Selvagem), condiz respeito muito como era às carreiras entre os dois nos anos 90. Ambos australianos e estilos de música diferentes, mas com um propósito de destaque e interpretações penetrantes que faz você sentir o profundo impacto da dualidade que está ambientada.
As letras são escritas como dois monólogos separados. As palavras de atenção e afeto de Kylie Minogue (a câmera se aproxima em closes e com poucos planos), aos sons dos seus lábios vermelhos transmitindo uma sonoridade de tamanha leveza e conforto. E Nick Cave com a sua voz grave e pretensiosa (a câmera se aproximar em vários planos), como um andarilho com a suas palavras serenas e tentadoras, passando a compreender a situação oposta que lhe sente falta.
– Eu fico obcecado na técnica de expressão facial dos protagonistas – é como fosse remitir o passado dos dois.
Chegando a um olhar perplexo e intenso do homem ao ver s sua amada estática com seu corpo boiando no lago de um pântano. As expressões vagas e intimistas dos dois provocam um duelo de ambiguidade: a falta pessoal de ambos.
Por si só, pode-se perceber que existem duas fases da Kylie Minogue. Primeiro os gestos estáticos dela quando está deitada na água demostra que ela já é um cadáver. Segundo quando ela está entre as rosas de pé, significando que já está vagando como um fantasma. O Nick Cave é um galanteador e prossegue na floresta, servindo de palco para as suas desilusões e terminando em direção ao lago para as lamentações de suas maldades. – Sim, a interpretação é bem sutil e quase sufocante para poder se comparar com um serial killer.
A luz do dia foi chave principal dessa narrativa que nos embarca a perceber com detalhes nos rostos claros e juvenis dos dois, passando a sombrear pouco só com os elementos de tons escuros. O exemplo quando a luz bate nas roupas claras ficam brilhantes e destacando como pintura a partir do fundo para a cena e criando um clima romântico.
No fim mostra a simbologia das rosas no lago, quando o cantor coloca a rosa na boca de Kylie Minogue se despedindo, remetendo a uma pintura de meados do século 19, chamada “Ophelia”, de Sir John Everett Millais. – Transparece uma beleza mórbida e ao mesmo tempo uma morte atemorizadora.
A linguagem cinemática, transpondo em fade-in e fade-out concebe as mudanças dos cenários transpondo um tempo lento e harmônico. Elaborando materiais estéticos em linguagens metafóricas como nas vestimentas dos personagens, os animais ingressados e as lentes de cores fortes e fracas mostrando o duelo entre as interpretações do bem e do mal. Todos os méritos do fotografo e diretor Rocky Schenck.
Essa música está no álbum do cantor chamado “Murder Ballads” de 1996. A letra foi composta pelo Nick Cave que sempre foi um homem que despertou violentas paixões no sexo feminino e contam-se muitas histórias. A inspiração da música – diz Nick Cave – foi feita pensando na cantora, pois não tinha coragem de demostrar a sua admiração por ela. Até que o ex-marido Michael Hutchence (INXS) a indicou para fazer um dueto com o amigo cantor.
Dizia-se que Nick Cave andava enrolado com PJ Harvey (o que foi verdade) – outra parceria que está na faixa “Henry Lee”, mas que não resistiu aos apelos da carne e acabou por se enrodilhar com Kylie Minogue (o que nunca se soube se foi ou não verdade).
Recentemente Kylie remasterizou a música para o álbum “The Abbey Road Sessions” de 2012 com a aprovação do seu colega.
Direção: Rocky Schenck | Ano: 1996
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