Assim como as sobras do Joy Division formaram uma banda fabulosa: o New Order, o remanescente Dave Grohl transformou o que sobrou do Nirvana em uma banda pós-grunge genial, aclamada por crítica e público logo no seu primeiro lançamento e abocanhou uma legião de fãs fiéis. Isso tudo sem soar uma segunda versão do Nirvana.
Em 1997, totalmente distantes da sombra da morte de Kurt Cobain, eles lançam o trabalho que seria responsável pela fama mundial: O álbum The Colour and the Shape trouxe composições próprias de Grohl e o mega-hit “Everlong”, uma viagem sonora alucinante pós-grunge que reinou nas rádios e nos walkmans de muitos adolescentes na década de 90.
Naquela época a MTV ainda era o principal meio de veiculação de videoclipes e Gondry dirigiu o vídeo para “Everlong”, que rapidamente se tornou um clássico devido à genialidade do diretor que dispensa comentários.
Aqui o tema principal é o universo onírico. Os membros do Foo fighters atuam em performances engraçadas em um sonho surreal de um casal interpretado por Grohl e o baterista Taylor Hawkins. Os outros dois membros formam os vilões que atormentam o casal.
O videoclipe se caracteriza por representar o mundo dos sonhos em colorido e a realidade em preto-e-branco. Alguns especialistas afirmam que sonhamos em preto-e-branco. No clipe, Dave aparece no primeiro sonho com um punker no estilo Sid Vicious em uma festa com pessoas também vestidas de punkers. Já no segundo sonho, quem protagoniza é o baterista: vestido como mulher, ele é aterrorizado por dois homens que o perseguem incansavelmente. Durante os sonhos, imagens distorcidas são intercaladas com momentos hilários dos personagens em conflitos com os vilões, onde até mãos gigantes aparecem indiscretamente.
A primeira vista, “Everlong” se passa no mundo real, mas através de um conjunto de imagens transgressoras, Gondry transforma a mente humana em um belíssimo e surreal reflexo da realidade, no qual as personagens principais sofrem perseguições e tem que se agarrar ao outro para se protegerem. O humor predominante soa como uma solução para aliviar o tom mais sombrio do mundo alternativo criado por Gondry.
O diretor já havia se revelado um talentoso criador de mundos fantásticos e semifamiliares. O mundo alternativo que serve como pano de fundo para o enredo do videoclipe é uma característica onipresente em seus trabalhos e a maneira como os fios da história são desenovelados é um feito interessantíssimo que exige a atenção da platéia. Ao final percebemos que a maneira de contar a história é mais interessante que a própria história. E esse é o maior trunfo de Michel Gondry.
Diretor: Michel Gondry | Ano: 1997
Pingback: Top 5: Os clipes mais engraçados do Foo Fighters()
Pingback: Everlong – Foo Fighters | ffdiario()