A música do mundo (world music em língua inglesa) refere-se à música tradicional ou música folclórica de uma cultura criada e tocada por músicos relacionados a essa cultura. O termo foi concebido por Robert E. Brown no início da década de 60 e significava a evocação de tradições musicais de culturas diferentes. Os representantes mais significativos deste estilo musical são os sul-africanos Ladysmith Black Mambazo e o senegalês Youssou N’Dour; Cheb Mami, da Argélia; Mercedes Sosa, da Argentina; Mano Chao da França e do Brasil, podemos citar Marisa Monte e Carinhos Brown.

A partir da década de 80, houve um interesse maior por esse tipo de música através de cantores importantes do cenário pop daquela década, como Peter Gabriel (“Biko” apresentava elementos harmônicos e percussão da música tradicional africana) e Sting (o cantor revelou ao mundo a beleza da música latina no álbum ..Nothing Like The Sun, de 1987).  Porém, o responsável principal por essa aproximação, que resultou em uma obra-prima sem precedentes na cultura pop mundial, foi Paul Simon e seu disco Graceland, de 1986. Simon uniu forças com músicos africanos notáveis como Ladysmith Black Mambazo e Tao Ea Matsekha e conseguiu misturar perfeitamente um estilo tradicional sul-africano com suas elegantes melodias pop. O trabalho foi um divisor de águas tanto para a carreira do músico norte-americano como para a música mundial – a World Music.

A seguir, selecionamos os 10 clipes mais famosos que celebram a união entre a World Music e a música pop.

10. Des´ree & Ladysmith Black Mambazo – Ain´t No Sunshine (1999)

Infinitamente regravada, “Ain’t No Sunshine” é uma canção de Bill Withers e fez muito sucesso em 1971. Em 1999, foi a vez de Des´ree, cantora inglesa, regravar a canção com o grupo vocal sul-africano Ladysmith Black Mambazo. O encontro marcante entre esta diversidade musical e cultural resultou num dos clipes mais belos já feitos.

 09. Marisa Monte & David Byrne – Waters Of March (Águas De Março)

Uma das mais importantes canções da música popular brasileira ganhou uma versão inusitada por dois grandes músicos. David Byrne, o eterno ex- Talking Heads e Marisa Monte, estrelaram o clipe em preto-e-branco bilíngue e recheado de imagens aleatórias, que deram um toque suave à esta pérola da nossa música.

08. Sting & Cheb Mami – Desert Rose (1999)

Uma das melhores canções da carreira de Sting misturou a World Music com o pop mais comercial. Entretanto, o resultado foi incrível! A combinação entre a voz lascante do ex-Police e a incrível flexibilidade vocal do cantor argeliano Cheb Mami casou perfeitamente bem e se tornou inesquecível. O clipe também ficou famoso por mostrar Sting em uma viagem através do deserto de Mojave em um Jaguar S-Type e, em seguida, ir a uma boate em Las Vegas para tocar com Cheb Mami.

 07. Peter Gabriel & Youssou N’Dour – Shaking The Tree (1990)

Peter Gabriel é um apaixonado pela World Music e já demostrava interesse pela música africana desde o início da carreira solo quando gravou o hino “Biko” (1980). Foi Gabriel que apresentou ao mundo o cantor senegalês Youssou N´Dour, em 1986, quando gravaram juntos “In Your Eyes”, do disco So. Em 1990, mais uma colaboração e o belíssimo clipe que celebra a mama África: “Shaking The Tree” nasceu como uma forma de Gabriel homenagear o continente e sua música.

06. Paul Simon & Ladysmith Black Mambazo – Diamonds On The Sole of Her Shoes (1986)

Graceland é a obra-prima definitiva de Paul Simon. Em 1986, o cantor assinou uma encruzilhada que iria mudar os rumos de sua carreira e da música africana. Finalmente, um músico internacional conseguiria evocar as tradições musicais do berço da humanidade. Depois deste disco, a música africana nunca mais seria a mesma. Unindo forças com o Ladysmith Black Mambazo (olha eles aqui de novo), no notável clipe de “Diamonds on the Sole of Her Shoes”, ele cria uma belíssima canção de ninar.

 05. Paul Simon & Olodum – The Obvious Child (1991)

Em 1990, Simon decide abraçar a música brasileira. The Rhythms of the Saints trazia uma mistura única da sonoridade suave da música de Paul Simon com as batidas afro-brasileiras do Olodum, no sucesso “The Obvious Child”. O clipe foi gravado no pelourinho, em Salvador e repercutiu no mundo inteiro. Um dos momentos de maior exposição do Olodum.

 04. Duran Duran & Milton Nascimento – Breath After Breath (1993)

Co-escrita com Peter Gabriel, “Breath After Breath” assinava uma sonoridade diferente para o Duran Duran, a febre adolescente nos anos 80. The Welding Album era o amadurecimento do trio e um dos melhores álbuns de toda a sua carreira. “Breath” ganhou um clipe bem brasileiro com a participação de Milton e com cenas na foz do Iguaçu. E ainda foi lançada como single apenas no Brasil.

 03. Neneh Cherry & Youssou N´Dour – 7 Seconds (1996)

Apesar de Peter Gabriel ter apresentado o famoso senegalês ao mundo, foi esta canção que o tornou um astro internacional. “7 Seconds” não tinha a pretensão de ser o que é, afirmou a cantora Neneh Cherry, era tudo muito experimental, porem o sucesso que alcançou (milhões de copias vendidas e 17 semanas em primeiro lugar na França) comprovou o quão maravilhosa é esta obra da World Music. N´Dour canta em francês e wolof, e Cherry complementa em inglês. Os executivos queriam traduzir a canção inteira para o inglês, Neneh recrucou – por que tem que ser sempre a língua dominante? O videoclipe em preto e branco é belíssimo.

02. Sergio Mendes & Black Eyed Peas – Mas Que Nada (2006)

O sucesso internacional de “Mas Que Nada” ganhou uma nova versão sensacional, em 2006 pelo grupo de hip-hop Black Eyed Peas, com vocais do próprio Mendes. A Canção foi composta em 1963 por Jorge Ben Jor e conquistou o mundo na voz e no estilo bossa nova do cantor português, radicalizado no Brasil Sergio Mendes e hoje é considerado um clássico absoluto da nossa música popular brasileira. Está aí essa versão, um sucesso mundial, para comprovar.

 01. Sting & Rubén Blades – They Dance Alone (Cueca Solo) (1987)

Rubén Blades é um conhecido músico panamenho de múltiplos talentos. Ele canta salsa, é compositor, ator, músico de jazz latino e ativista. Ele foi um dos responsáveis por trazer a sofisticação lírica da música da América Central ao mundo. Em 1987, Sting o convidou para participar de uma de suas faixas do álbum …Nothing like The Sun. É dele os versos em espanhol cantados sobre uma situação muito difícil e constrangedora para as mulheres chilenas da época da opressão de Pinochet: o desaparecimento de seus maridos e filhos durante o regime militar que matou milhares de pessoas entre 1973 e 1990. Essas mulheres se instalavam em praças (principalmente a praça 25 de maio, em Buenos Aires) com fotos de seus entes desaparecidos coladas nas roupas e dançavam a Cueca, a dança nacional do Chile, como forma de constranger o governo.