Considerado um dos maiores ícones da inovação da música mundial, Peter Gabriel continua a surpreender. O show da turnê Back To Front realizado no ultimo dia 10 de Dezembro, na casa de shows ThreeArena, na capital irlandesa foi dividido em três partes que o músico inglês de 64 anos batizou como prato de entrada, prato principal e sobremesa.
Esta foi a última noite da turnê do veterano inglês e há um clima de comemoração no palco. O show é marcado por um material variado do extenso portfólio de Gabriel, incluindo o comovente “Family Snapshot” e o hino anti-apartheid “Biko”. Não é de admirar que um catálogo tão eclético resultasse em um show deliciosamente excêntrico e estranho ao mesmo tempo.
O prato de entrada seria a sessão acústica realizada com as luzes da casa acesas. Essa técnica, infelizmente provou-se perturbadora e apagou um pouco o brilho das faixas “Come Talk To Me”, “Shock the Monkey” e “Family Snapshot”.
Felizmente, após 20 minutos, as luzes da casa se apagam e Peter Gabriel abraça o teatro em seu concerto de avant-garde, com um áudio-visual espetacular que resulta em canções que exploram temas como injustiça, a alienação e a dúvida.
A parte experimental eletrônica é o prato principal. Com uma iluminação estroboscópica apoiada por guindastes carregados de luzes especiais e câmeras, o cantor desfila as poderosas “Digging In The Dirt”, “Secret World” e “No Self Control”. “Soulsbory Hills” e “Games Wthout Frontiers” complementaram o bocado.
Então chega a hora mais aguardada do show.
O ex-Genesis toca na integra e ainda com os membros originais da turnê de 87 (incluindo Tony Levin e Manu Katché) , So, um dos álbuns pop mais importantes e emblemáticos de todos os tempos, responsável por transformá-lo em uma celebridade mundial pela originalidade e qualidade absurda das 9 composições.
A banda detona nas apresentações da visceral “Sledgehammer“, da otimista “Big Time“, a balada de amor gótico “In Your Eyes” e a inspiradora “Don´t Give Up“. Esta última acompanha um vozeirão indisciplinado e eficaz de Jennie Abrahamson. Seu canto e da compatriota sueca Linnea Olsson oferecem um contraponto sedutor ao distintivo vocal de Gabriel e soa quase idêntica ao vocal competente da britânica Kate Bush. “Red Rain” soa mais emocional e complexa do que a versão de estúdio, enquanto “Mercy Street” é executada deslumbrantemente para o delírio da platéia.
O show termina com o hino “Biko”, o tributo altamente emotivo e reacionário ainda poderoso para o ativista anti-Apartheid, Steve Biko, que morreu da brutalidade policial em 1977.
Antes e durante o espetáculo, Peter sempre destacava a importância de militar por um mundo mais justo e está é uma das maiores características do músico: humanidade tingida com inovação, idéias e intelecto. Um dos mais lindos e emocionantes shows que eu já assisti.