Pat Benatar pode ter sido uma cantora de um único hit nos anos 80, aqui no Brasil, mas o clipe de “Love Is A Battlefield” conseguiu permanecer na memória de muita gente.
Basicamente, o video é sobre o manifesto feminino. Mulheres ganhavam voz em clipes que eram dominados por artistas e bandas masculinas de hard rock. Bandas como Van Halen, Poison, Motley Crue e até mesmo AC/DC embarcavam nesta onda de sexo, drogas e rock n´ roll, atribuindo a mulher, apenas o papel de objetos de diversão.
Mas ai que veio a turma colorida do pop feminino dos anos 80. A começar pela estonteante Debbie Harry e sua maravilhosa banda Blondie. Debbie era (e ainda é) o feminismo em pessoa. Atitude e determinação que inspirou outras como Chrissie Hynde e Madonna. A primeira transformou sua banda, o The Pretenders à ícone do pop rock mundial com músicas sempre inteligentes e criativas que abriram espaço para grandes bandas de rock com vocal feminino como The Go Go´s e Bananarama, enquanto Madonna elegeu-se rainha do pop ao cuspir na cara da sociedade que podia abrir um pote de azeitonas sozinha. Essas mulheres poderosas influenciaram outra que chegou nos anos 80 com um single e acompanhado por um clipe sensacional que se transformaria no hino feminista de 1983.
A americana Pat Benatar, com mais de 19 singles no top 40 e canções que apareceram em filmes e jogos – como a música “Hit Me With Your Best Shot” (incluída no jogo Guitar Hero III: Legends of Rock na turnê Starting Out Small), e a música “Heartbreaker” (que aparece no Guitar Hero World Tour) – era adorada por adolescentes que viam em sua imagem, simbolo de rebeldia e liberdade. O clipe de “Love” exemplifica perfeitamente a mensagem que ela queria passar. E de tão importante, apareceu numa cena chave na deliciosa comédia romântica De Repente 30. No longa, é reproduzida uma cena completa do clipe, quando Jennifer Garner ensina as garotas que o “amor é um campo de batalhas”.
O vídeo da música apresenta Benatar interpretando um adolescente que larga a família em busca de seu sonho (mesmo que ela não saiba ainda que sonho é esse), na verdade ela foi expulsa de casa pelo seu pai (interpretado por um ator Trey Wilson), que diz que se ela sair, que esqueça a família. Sua mãe parece impotente e seu irmão (interpretado por um ator Philip Cruise) observa com tristeza a partir de uma janela do andar superior. Mais tarde, ela se torna uma dançarina em um clube muito decadente para sobreviver na cidade de New York. Ela escreve para seu irmão mais novo, dizendo a ele sobre sua nova e excitante vida e seu pai parece sentir-se culpado por estar zangado com ela. Mais tarde no vídeo, ela testemunha um cafetão (interpretado por um ator Gary Chryst) assediando outra dançarina. Benatar pede reforço de um monte de meninas e parte para cima dele em uma coreografia elaborada por Michael Peters, que aparece brevemente no vídeo. As meninas fogem e Benatar caminha ao nascer do sol. A última cena mostra Benatar sentada na parte de trás do ônibus indo para um destino desconhecido.
A trajetória da cantora, que passar por cima do sexismo, é bem definida nos cinco minutos do clipe. O diálogo inicial – que segundo a Wikipedia, foi o primeiro a ser utilizado em um videoclipe – transborda emoção e mostra uma mulher determinada a vencer na vida, diferente da imagem passiva de sua mãe, que apenas observa a situação sem opinar. Esta cena representa o choque entre duas gerações. A anterior, ainda sob o domínio do machismo, em contrapondo a uma geração que ansiava por liberdade e independência feminina. E foram essas mulheres, dentre muitas outras, que ajudaram a quebrar as barreiras da sociedade.
O videoclipe foi dirigido por Bob Giraldi, que entre outros, dirigiu o clássico “Say Say Say” do Paul McCartney e Michael Jackson e “Beat It” de MJ. Com cenas caprichadas e um roteiro estonteante, o clipe recebeu uma nomeação de melhor video feminino do ano no VMA de 1984.
Em “Love Is A Battlefield”, ela mostrou que a liberdade para as garotas e mulheres não é algo que se possa deixar de lado e traz Benatar tomando controle não só de seus relacionamentos, como de toda sua vida.
Diretor: Bob Giraldi | Ano: 1983